
Ordem da Imaculada Conceição
Mosteiro de Santa Beatriz da Silva - Viseu

História da Ordem da Imaculada Conceição
"Os elementos que integram a vida e a espiritualidade da Ordem manifestam-se num processo de enriquecimento, iniciado com a Bula Inter Universa do Papa Inocêncio VIII e concluído com a Regra própria aprovada pelo Papa Júlio II, e vivem-se em contínuo dinamismo, de acordo com os sinais dos tempos, e como resposta às várias necessidades da Igreja, mantendo viva a lâmpada que o Espírito Santo acendeu em Santa Beatriz." Art. 7
Os primeiros anos…
Santa Beatriz da Silva deu início a uma grande família religiosa que se estendeu através dos séculos pelo mundo inteiro, até chegar aos nossos dias. Se as obras de Deus são sempre seladas pela Cruz, também a Ordem da Imaculada Conceição durante o seu início sofreu tais contradições, que quase a levaram à extinção.
A primeira dificuldade foi o facto de a sua própria fundadora ter falecido quando este projecto de Deus estava apenas a começar…
Beatriz fez a sua profissão religiosa e recebeu o hábito branco e o manto azul, indicados por Nossa Senhora, já no seu leito de morte e tornou-se assim a primeira Concepcionista.
Logo após a sua morte, as doze jovens que a tinham acompanhado e formavam parte da comunidade primitiva, viram-se em apuros, pois as religiosas dominicanas do convento de S. Domingos - o Real, onde Beatriz tinha vivido durante trinta anos, como simples secular, julgaram-se no direito de levar o corpo dela para o seu convento. E, como se isso não bastasse, queriam que as próprias jovens, que ainda não tinham recebido o hábito Concepcionista, também fossem para a sua comunidade e se tornassem dominicanas! Graças ao apoio dos Franciscanos, a quem Beatriz tinha encomendado a protecção da sua Ordem, o seu corpo foi sepultado pelos frades, no Mosteiro de Santa Fé, (que pertencia aos Palácios de Galiana cedidos pela Rainha Isabel a católica) em Toledo, onde tinha começado a Ordem. Oito dias depois, as doze jovens puderam receber o hábito e fazer a sua profissão religiosa, nascendo assim a primeira comunidade de monjas Concepcionistas.
Depois deste facto, as irmãs Concepcionistas elegeram como abadessa dona Filipa da Silva, que era sobrinha de Beatriz, vivendo segundo a a Bula Pontifícia Inter Universa, que tinham recebido de Roma. Eram orientadas por Frei João de Tolosa OFM, que muito as auxiliou em todas as tribulações que se seguiram.
Aprovação da Ordem com Regra própria
Quando Beatriz pediu ao Papa a autorização para fundar um mosteiro em honra da Imaculada Conceição, não tinha ainda uma Regra própria, pois naquela época a Igreja não permitia que se fizessem novas regras de vida religiosa; assim quem quisesse fundar um mosteiro ou ordem, tinha que escolher uma das regras já existentes. Beatriz escolheu a Regra de Cister.
Mas, depois da morte de Beatriz, a Rainha Isabel a Católica começou a fazer alterações no pequeno mosteiro que estava a nascer e daí surgiram novas complicações para as monjas Concepcionistas.
Por causa de um pedido da rainha, o Papa Alexandre VI enviou uma segunda Bula (Ex supernae providencia,) ordenando que as monjas concepcionistas passassem a viver segundo a Regra de Santa Clara. As monjas beneditinas, que se encontravam no mosteiro vizinho de S. Pedro de las Dueñas, que também fazia parte do complexo dos Palácios de Galiana, por mandato pontíficio foram agregadas às Monjas Concepcionistas, passando todas a viver em S. Pedro de las Dueñas. Deste modo as irmãs Concepcionistas abandonaram o seu mosteiro de Santa Fé, para ocupar o mosteiro vizinho. Estes decretos causaram muitos problemas, pois as beneditinas foram obrigadas a entrar numa Ordem que não era a sua, e as Concepcionistas, por sua vez também estavam obrigadas a viver uma Regra que não tinham desejado. Naturalmente houve muitos desentendimentos entre as várias irmãs, que não sabiam o que fazer e, por três vezes, o mosteiro quase ficou vazio…
Mas as mudanças ainda não tinham acabado! Depois de tantos desassossegos, todas as monjas foram transferidas para o convento de São Francisco, que tinha pertencido aos franciscanos conventuais, onde se encontra actualmente a Casa Mãe da Ordem da Imaculada Conceição, em Toledo.
Durante os anos que se seguiram, as monjas Concepcionistas pediram insistentemente para serem dispensadas da Regra de Santa Clara, visto que não tinha sido essa a intenção de Beatriz. Sentiam que tinham um carisma único e especial na Igreja, em honra de Maria Imaculada, e queriam manter-se fiéis ao que a sua fundadora lhes tinha transmitido.
O número das monjas foi crescendo, de tal modo, que começou a considerar-se a hipótese de se fazer uma Regra só para elas, visto que não havia em toda a Igreja outras irmãs com o hábito nem forma de vida das Concepcionistas! E assim em 17 de Setembro de 1511 o Papa Júlio II concedeu-lhes a Bula Pontifícia Ad Statum Prosperum, com a aprovação da Regra própria.
Expansão da Ordem
Depois destes factos a Ordem teve uma expansão muito rápida. Quase todos os mosteiros tinham relações próximas com os Frades Menores da Ordem de S. Francisco, que ajudavam as irmãs Concepcionistas a desenvolver cada casa que abria, dando-lhes apoio espiritual e material.
A Ordem da Imaculada Conceição espalhou-se rapidamente por toda a Espanha e foi a primeira Ordem religiosa feminina a chegar ao Novo Mundo, nomeadamente ao México, em 1540. As Monjas Concepcionistas chegaram a Portugal, pátria de Santa Beatriz, no início do século XVII.